terça-feira, 14 de abril de 2015

Tutorial Identificando e colhendo cogumelos

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A intenção desse texto é servir como guia completo de como localizar, identificar e colher cogumelos psicoativos nos pastos e campos do Brasil. Os cogumelos aqui apresentados podem ser de duas espécies Psilocybe cubensis e Psilocybe subcubensis, indistinguíveis a olho nu, ambas psicoativas.

Como disse, a intenção é que, a partir desse guia, você esteja pronto para caçar os cogumelos. Mas vale citar a Shroomery.com aqui:


"Não existe uma forma de identificar um cogumelo baseando-se unicamente em uma fotografia ou descrição. A identificação de cogumelos é um processo complexo qual é fácil de se cometer um erro. Existem muitas variedades de cogumelos comestíveis e psicoativos que possuem semelhança com venenosos. Até mesmo um especialista pode se enganar com a aparência externa desses cogumelos letais.
A não ser que você tenha companhia de um micologista ou um caçador de cogumelos com conhecimento e experiência, ou se dedicar ao cuidadoso processo de estudo de identificação de cogumelos, através da leitura de livros ou/e preferencialmente associando-se a uma sociedade de micologistas. Nós sinceramente recomendamos não consumir os cogumelos que você coletou. Aprender a identificar cogumelos não é um processo fácil nem impossível, entretanto exige treinamento já que as consequências de comer um cogumelo venenoso são perigosas... deve-se ter um cuidado extremo.” Vale também lembrar do cenário , que é bem diferente. Aqui no Brasil, como já foi dito, um número bastante inferior de variedades de cogumelos são encontrados in natura os pastos. Nos EUA e em outros países, existem milhares de tipos de cogumelos, psicoativos ou não, espalhados pelos campos e florestas. Então, o ponto final seria: aqui você pode aprender, mas a responsabilidade de decidir se vai utilizar os cogumelos ou não é inteiramente e exclusivamente sua.



Todo o conhecimento aqui apresentado é resultado da combinação da experiência dos usuários do site cogumelosmagicos.org e de informações recuperadas e analisadas de outras fontes.

As fotos aqui apresentadas serão bastante parecidas com as dos cogumelos que você encontrará no campo. Somente lembre-se de ter certeza absoluta do que está ingerindo. Esperamos que ao final da leitura deste texto você esteja com toda a certeza e possa decidir se vai usar os cogumelos (com segurança!).

Índice geral


1) Teoria

Único: entendendo um pouco da teoria antes de partir para a caça

2) A busca

a) Onde?
b) Quando?
c) Preparativos antes da ida
d) Cheguei ao local. E agora?
e) Dicas de procura

3) Identificando

a) O cogumelo psicoativo mais comum no Brasil
b) O cogumelo branco, comum nos pastos do Brasil
c) Dicas de identificação

4) Colhendo

a) O tamanho do cogumelo – como aproveitar bem.
b) Como retirar o cogumelo do estrume
c) Dicas de colheita
d) Responsabilidade na colheita

1) Teoria

Entendendo um pouco da teoria antes de partir para a colheita.

Tudo bem, sei que teoria é uma parte, teoricamente, mais chata. Mas será de grande ajuda em suas buscas pelos campos. Com um melhor entendimento do ciclo de vida do cogumelo, a caça será bem mais fácil.

Em linhas gerais: o cogumelo Psilocybe cubensis é o meio reprodutor de um fungo esbranquiçado, que gera os cogumelos. Os fungos vão se desenvolver (logo você verá onde) e mais tarde vão querer se reproduzir. Para fazer isso, eles dão origem aos cogumelos, que nascem verticalmente, para assim poder ser o meio de reprodução. Depois de maduro, o cogumelo vai liberar seus esporos, que são como uma “semente” do fungo. Esse esporo é muito pequeno, nanométrico. Ficam armazenados dentro do chapéu dos cogumelos e um cogumelo libera milhões deles. Assim que esse chapéu se abre e o cogumelo atinge sua maturidade, esses minúsculos esporos vão se espalhar por ai, pelo ar, pelos animais, de várias maneiras. Com isso, alguns desses esporos serão sortudos e cairão em algum lugar onde ele possa se alimentar e gerar o fungo, aquele branco, que falamos agora a pouco. Então o ciclo se repete e continua assim. Aqueles esporos que não tiverem tanta sorte, podem ficar ai vagando por bastante tempo, até achar um local apropriado para sua reprodução. Eles são resistentes ao tempo, desde que a temperatura seja não tão alta. Ou seja, onde existe ambiente adequado, existe probabilidade do nascimento de cogumelos.

Outras espécies psicoativas que se desenvolvem em estrume de ruminantes encontradas no Brasil são Panaeolus cyanescens e Panaeolus subbalteatus (verEspécies de fungos neurotrópicos no Brasil).

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Figura 1.1 - Milhões de esporos selvagens reunidos em um carimbo de esporos.

Então o fungo precisa se desenvolver, certo? Para isso, ele precisa de algumas condições especiais:

:arrow: alta umidade (82% ou mais)
:arrow: temperaturas médias entre 20ºC e 31ºC
:arrow: um meio orgânico para o crescimento do fungo (nos pastos, são os dejetos)

Isso é o bastante para o fungo se desenvolver. A partir daí, alguém precisa informar ao fungo que está na hora de frutificar. Isso se dá nas seguintes condições:

:arrow: aumento da umidade relativa do ar
:arrow: choque térmico de - 6ºC em média

Quando isso acontece, o fungo gera os cogumelos. É importante ressaltar que tanto o homem quanto a natureza são capazes de realizar essas tarefas. Na natureza, ele acontece assim: chove em um dia e faz calor no outro. Isso é o bastante para fazer os cogumelos brotarem (se o dejeto tiver sido colonizado, se não nada brota). Se os dejetos animais já foram colonizados pelo fungo e um dia faz calor, o outro chove e depois faz calor de novo, é certo: os cogumelos vão brotar. E nós, claro, queremos ir atrás deles. Então vamos ver como fazer isso.

:idea: 2) Caçando

a) Onde?

Onde achar os cogumelos? Onde eles crescem? Essas são as perguntas básicas para começarmos nossa caçada.

Os pastos que mais produzem cogumelos são aqueles mais antigos e, obviamente, com maior número de excrementos. Para saber se o pasto onde você está caçando é ativo, faça assim: encontre um exemplar das fezes dos ruminantes. Verifique se dentro do cocô existe uma massa branca (cuidado nessa hora). Essa massa pode ser densa ou rala, como fios de teia de aranha. Verifique se eles estão espalhados no cocô. Se não achar nada, esse dejeto não foi colonizado e não gerará cogumelos. Caso contrário, essa parte branca é o fungo em si e faremos referência a ele pelo nome de micélio. Se quiser verificar em outras fezes, vá em frente. Mas somente algumas é o suficiente. Se algumas já apresentarem o micélio, já estaremos felizes. Mas atenção: não saia quebrando todos os dejetos que ver pela frente e nem deixe o micélio exposto ao sol. Se esse dejeto estiver sendo torrado pelo Sol, você pode colocá-lo perto de grama alta ou qualquer outro lugar úmido.

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Figura 2.1 – Dejeto de vaca, de onde brotarão cogumelos.

Aqui no Brasil, vamos encontrar os cogumelos Psilocybe cubensis nos dejetos de ruminantes – na maioria dos casos vacas ou búfalos. Como temos pastos com vacas espalhados pelo Brasil todo, é bem provável que tenha um perto de onde você mora. Os cogumelos podem crescer tanto diretamente das fezes das vacas ou no chão (em casos que as vezes forem cobertas pela terra) e geralmente essas fezes estão em lugares de maior umidade do pasto, como perto de um lago ou sobre uma moita de grama. Às vezes a grama cresce e fica bem alta, podendo tampar os dejetos e os cogumelos. Então devemos procurar com bastante atenção, inclusive na encosta das subidas, já que paredes são barreiras para os esporos que vem com o vento.

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Figura 2.2 – cogumelos crescendo em meio ao mato.

Os P. cubensis também nascem em fezes de equinos (cavalos), embora com frequência menor que em estrume de boi. Portanto pode-se até procurar em haras, mas suas chances de encontrar algo são menores. Crescem também em esterco misturado à terra, mas não crescem direto na terra ou em outros substratos. Não perca tempo procurando Psilocybe cubensis fora de estrume ou de terra misturada com estrume. Procure em pastos de gado em geral, seja qual for a raça, e suas chances de achar cogumelos psicoativos serão bem maiores.

b) Quando?

Existe uma época mais favorável ao aparecimento dos cogumelos. A época vai de começo da época de chuvas, em novembro. E dura todo o verão até possivelmente meados de maio, quando a época da estiagem começa. Ou seja, a época para se achar cogumelos é no verão. De acordo com relatos alheios, é possível se achar cogumelos em qualquer época do ano, por causa do El Niño. Mas será bem mais difícil e sua região terá de apresentar um microclima que seja favorável ao aparecimento dos cogumelos, que como foi dito antes, é de umidade e calor. Resumindo: no verão, os cogumelos são, de certa forma, abundantes. No inverno, podemos achar, mas só com um pouco de sorte. Vale lembrar que os padrões usados aqui de inverno/verão são os da região sudeste do Brasil. Aqui, verão é chuva e calor e inverno é feito de temperaturas amenas (chegando a ser frio) e baixa umidade relativa do ar.

Segundo o SpEcTrUm, existe uma fórmula infalível: se um dia chove por um tempo bom (um dia inteiro) e no outro dia faz Sol, não tem erro: os cogumelos irão aparecer.

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Figura 2.3 – Uma colônia de cogumelos por onde a vaca passou.

c) Preparativos antes da ida

Devemos nos preparar antes de irmos à caça, para termos os materiais necessários para a hora da coleta e o armazenamento temporário dos cogumelos encontrados. Não é muita coisa. Uma tesoura, um saco de papel (pode ser saco de pão) e uma sacola são suficientes para coletar e guardar os cogumelos. Eles devem ser colocados no saco de pão ao término da colheita, esse deve ser fechado com cuidado e colocado dentro da sacola, ficando assim os cogumelos protegidos e livres da retenção de umidade, que pode apodrecê-los (portanto não amarrem a sacola).

É importante também que se tenha muito cuidado ao entrar em pastos alheios. Seria interessante falar com o dono ou com o caseiro que cuida do pasto (diga que estuda biologia e os cogumelos serão estudados em sua casa, como parte de um trabalho sobre fungos) e, se possível, o caseiro ou dono pode lhe acompanhar, caso o gado esteja solto. Não é nada agradável ter de correr de vacas e touros bravos. Se você tiver de ir sozinho e o gado estiver solto, procure ficar perto da cerca. Se algum bicho encrencar com você, é só passar pelo outro lado (por baixo da cerca – você não quer se machucar pulando-a). Existe um tópico chamado "Técnicas de invasão" no fórum, procure-o e leia-o se quiser mais detalhes sobre isso.

Mas o mais importante antes de ir à caça é: saiba muito bem o que você está procurando e saiba identificar os cogumelos. Prepare-se bem antes de ir colhê-los e seu sucesso está garantido.

Um amigo, amanita, e eu concordamos em um ponto: sua intenção ao ir caçar os cogumelos é de extrema valia. Se quiser simplesmente "pirar o coco", suas chances são menores. Mas se tiver objetivos espirituais ou de expansão de consciência ou até mesmo para conhecer mais sobre si mesmo, suas chances aumentarão drasticamente. Mas isso é só uma opinião pessoal, não baseada na Ciência e na Biologia. Cada um acredita no que acha melhor. Mas fica aí o toque.;)

SpEcTrUm, ex-moderador do cogumelosmagicos.org, escreveu um tópico sobre Os Dez Mandamentos do Catador de Cogumelos.

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Figura 2.4 – Com a preparação prévia, eles serão facilmente encontrados.

d) Cheguei ao local. E agora?

Mãos a obra. Depois de aprender onde, quando e como se preparar, chegou a hora.

Quando chegar a pasto, verifique primeiro a presença de gado e outros animais perigosos. Depois, veja onde estão os dejetos deixados pelos bichos. Os cogumelos devem estar nascendo lá se as condições forem favoráveis. Como já foi dito antes, eles precisam de umidade, então é interessante procurar por dejetos que estejam perto de locais com grama mais alta.

Os cogumelos também podem brotar do chão. Isso acontece porque o solo cobre o excremento animal e serve como uma camada de casing (procure mais sobre casing na FAQ de cultivo indoor), mantendo a umidade e fazendo brotar os cogumelos. Portanto, todos os lugares do pasto são suspeitos de se achar cogumelos.

Primeiro, dê uma olhada geral, para ter uma noção da topografia do pasto e para ver se existem grandes colônias visíveis de cogumelos. Se logo de cara achar os danados, vá em frente. Se não, comece a procurar mais minuciosamente.

A natureza sabe se esconder. Portanto, se o pasto onde você estiver procurando não for tão ativo, pode ser que os cogumelos sejam mais escassos e mais difíceis de se achar. Tente andar em linhas retas, cobrindo a maior parte do pasto possível. Ande devagar e preste bastante atenção: se eles estiverem lá e você olhar com cuidado, você se deu bem.

(y) e) Dicas de procura

Algumas dicas são preciosas quando se procura cogumelos:

:arrow: vá com algum amigo. Além de ser mais seguro andar acompanhado, quatro olhos enxergam mais que dois. Se esse amigo já conhecer os cogumelos e já os tiver caçado, perfeito! Ter um guia é uma maneira excelente de se aprender a caçar cogumelos.

:arrow: use a luz do Sol. Os cogumelos são de cor marrom/dourada, portanto se destacam bem quando a luz do Sol os ilumina. Procure ir aos campos durante as horas de mais luz do dia. Assim fica bem mais fácil achar os danados.

:arrow: fique atento aos padrões. Se você achar vários cogumelos nascendo perto de determinado arbusto ou planta, vá em frente e procure outros arbustos e outras plantas. Nota-se que os cogumelos preferem frutificar em certos lugares específicos. Procure percebê-los e faça anotações mentais sobre esses lugares.

:idea: 3) Identificando

a) O cogumelo psicoativo mais comum no Brasil

Ele se chama Psilocybe cubensis. Sua estipe (talo) pode ser de esbranquiçada até dourado – marrom, com diâmetro entre 0.4-1.4 centímetros e altura entre 4-15 centímetros. Observe que no cogumelo pequeno, existe uma película (véu) ligando a borda do chapéu à estipe, além desse véu estar ligado às lamelas na parte inferior do chapéu. Note então que, a medida em que o cogumelo cresce, esse véu se desprende do chapéu e das lamelas e forma algo como uma saia na estipe. Alguns cogumelos podem não apresentar esse véu, mas a maioria tem ao menos uma sobra da película. Abaixo, mais uma foto dos benditos:

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Figura 3.1 - Foto de cogumelos no esterco. Você os achará nascendo assim.

Seu chapéu mede entre 1.6-8 centímetros e possui características bem chamativas. Uma é o ponto dourado em seu centro. Sua cor pode ir do dourado claro até marrom, como na estipe, e é translúcida (deixa passar luz) quando o cogumelo está molhado. É coberto por cima por uma película grudenta que pode ser sentida somente passando a ponta do dedo sobre o chapéu. Esse chapéu tem o seguinte comportamento ao longo da vida do cogumelo: ele começa com um formato cônico que depois se mostra côncavo, fica reto e finalmente fica com formato de tigela, com as bordas apontando para cima.

b) O cogumelo branco, comum nos pastos do Brasil

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Figura 3.2 – Um exemplar solitário do cogumelo branco. Este cogumelo não deve ser ingerido. Somente observado e estudado.

Ele é facilmente identificado por suas características totalmente diferentes do Psilocybe cubensis. São brancos, do chapéu até as hifas (raízes). Seu chapéu é bem mais curvo, ovalado do que o do cubensis e sua estipe é bem fina e se quebra com facilidade.

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Figura 3.3 – Cogumelo branco (esquerda) e Psilocybe cubensis (direita).

Ele nasce geralmente em estrume de cavalo e não de vaca. Mas lembre-se que isso não é regra geral e o contrário poderá ser observado ás vezes. Se desenvolve com rapidez comparável á rapidez do Psilocybe cubensis, podendo os dois serem encontrados lado a lado, como mostra a foto vista acima.

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Figura 3.4 – Cogumelo branco (não psicoativo) nascendo em estrume de cavalo.

Este cogumelo não deve, em hipótese alguma, ser consumido. Já ouvi relatos de pessoas que comeram e não morreram nem passaram mal. Mas foram pessoas extremamente irresponsáveis (característica não desejada no caçador de cogumelos psicoativos) e também muito sortudas, por não comerem um cogumelo venenoso. Evite também de colhê-los ou matá-los. Respeite a natureza e o reino funghi, sendo seus membros psicoativos ou não. Lembre-se de que eles são uma família. Respeite todos seus membros e será recompensado pela mãe natureza.

(figura a ser inserida)
Figura 3.5 – Repare que o cogumelo branco pode se parecer com o Psilocybe cubensis em análise rápida, mas...

(figura a ser inserida)
Figura 3.6 - ...se repararmos bem, veremos que não tem erro.


(figura a ser inserida)
Figura 3.12 - Cogumelo ligeiramente parecido com o Psilocybe. Ele NÃO deve ser ingerido.

Uma maneira de se identificar os Psilocybe cubensis é quebrar o talo e verificar se após certo tempo, o talo fica ligeiramente azul-esverdeado ou azul. Outra coisa a se observar é a cor debaixo do chapéu, que deve ser entre roxo e preto. Um detalhe marcante nos cogumelos não psicoativos é que eles geralmente tem a parte debaixo do chapéu mais clara, como mostra a foto abaixo (observe também que o talo quebrado não fica azul):

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Figura 3.12 - Cogumelo com lamelas brancas e talo sem alteração de cor (não deve ser ingerido).

(y) c) Dicas de identificação

Você provavelmente não é um micologista, muito menos eu. E os profissionais nessa área são as únicas pessoas que podem dizer com certeza que um cogumelo é dessa ou de outra espécie. De qualquer maneira, levando em conta a relativamente fácil identificação do Psilocybe cubensis e a vasta experiência dos brasileiros com esses cogumelos somos levados à essas dicas:

:arrow: um ponto extremamente importante a se considerar é a uma das substâncias ativas do Psilocybe cubensis, chamada psilocina (existem outras, mas isso é outro assunto). Esta, quando oxida (entra em contato com o ar – oxigênio) apresenta uma coloração peculiar, que pode variar de um azul-esverdeado claro a azul escuro. Repare: quando achar um cogumelo que você acha que é o certo, quebre sua estipe. Dentro de aproximadamente cinco minutos, no máximo, você notará (se for o P. cubensis) que a coloração mudou. No entanto costuma ser mais rápido que isso. Panaeolus cyanescens também azula rapidamente. Mas Panaeolus subbalteatus, geralmente azula pouco, geralmente só na haste, e bem devagar.

:arrow: No chapéu, na maioria das vezes, podemos encontra um ponto mais escuro que o resto da superfície do mesmo. É como se fosse um nó, bem no meio do chapéu. O nó não é regra geral, mas a coloração pouco mais escura no centro do chapéu é.

:arrow: Abaixo do chapéu podemos perceber várias “lamelas” bem escuras, podendo ir do marrom ao preto, passando pelo roxo escuro. É lá que estão os esporos. Repare que essas lamelas são bastante características do cubensis, sendo outro ponto a ser observado.

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Figura 3.7 – Note que, no centro do chapéu do Psilocybe cubensis, a coloração é de um tom mais forte do que no resto do chapéu.

:arrow: O cubensis tem uma estipe oca. Este é outro ponto importante a ser observado. Além de ser oca, quando quebrada, ela fica desfiando em lascas. E nessas lascas podemos observar grandes quantidades de psilocibina.

:arrow: O cogumelo, por muitas vezes pode ser encontrado seco. Ele fica debaixo do Sol e sem umidade, ficando enrugado e com cor pálida. Estes cogumelos ainda estão bons, mas vale a pena tomar mais cuidado com a identificação destes. Prefira os frescos.

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Figura 3.8 – Cogumelo seco pelo Sol.

:arrow: O véu é outro ponto importantíssimo na identificação do cubensis. Quando novo, este apresenta um véu ligando a estipe ao chapéu. Com o amadurecimento do cogumelo, esse véu se rompe, formando uma espécie de “saia” na estipe do exemplar. Essa “saia” é de coloração escura, quase preta. Pode ser grande ou não, mas está presente na grande maioria dos casos. As vezes podemos perceber que só existe o contorno dessa saia, sem a presença da mesma. Procure sinal dela ou de que ela já esteve lá.

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Figura 3.9 – O véu se rompe, formando uma espécie de “saia” na estipe do cogumelo. Pode ser expressivo como na foto ou...

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Figura 3.10 - ...pode estar mais grudado na estipe. De qualquer maneira, sua presença é facilmente notada, caracterizando o cogumelo cubensis.

:arrow: Os cogumelos podem nascer isolados ou em família. Se encontrar um exemplar solitário, analise-o com bastante cuidado, mesmo já tendo identificado outros. Já no caso de encontrar uma família, retire um e faça todas as observações e comparações (principalmente a oxidação da psilocibina – o azulamento do cogumelo). Se este for o que você procura, aí sim colha os outros.


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Figura 3.11 - A família reunida. Escolha um, analise e, se tiver certeza de que é o que procura, aí sim colha os outros.

E lembre-se: jamais se confunda! Tenha certeza absoluta de estar colhendo o cogumelo correto. Não se afobe em ter logo uma experiência e se arriscando a toa. Ela virá com o tempo se você realmente merecer u procurar e identificar direito, responsavelmente e tecnicamente.

:idea: 4) Colhendo

a) O tamanho do cogumelo – como aproveitar bem.

Os cogumelos devem ser colhidos em um certo período de sua vida. Isso é seguido á risca por cultivadores. Mas no caso da caça, não podemos ser tão exigentes, tendo em vista que poucos serão os cogumelos encontrados em idade perfeita.

Cogumelos muito novos são, obviamente, muito pequenos e possuem pouca substância ativa. Já os mais velhos são muito fibrosos e também não apresentam muita substância ativa, já que ela foi usada na forma de energia para produzir os esporos. Então, como diz a filosofia budista, o caminho é o do meio. Os cogumelos no meio de seu ciclo de vida, com o véu recém rompido são os ideais. Claro, como não acharemos muitos assim, acabaremos colhendo uns mais novos e outros mais velhos. Mas devemos observar bem para não colhermos cogumelos que podem crescem bem mais e cogumelos que podem ser fontes de esporos, tanto para nós quanto para a natureza.

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Figura 4.1 – Cogumelos colhidos ainda com o véu – são, portanto, ainda jovens, menos fibrosos e de fácil digestão.

b) Como retirar o cogumelo do estrume

Isso não é regra obrigatória, mas evita desperdício e também evita que pedaços de cogumelos apodreçam e contaminem o dejeto da vaca nossa amiga.

Na hora de identificar, você cortará o caule de um cogumelo e vai observar suas características, como visto anteriormente. Agora, quando tiver certeza que são os que você quer, você vai puxá-los, segurando com cuidado a estipe, perto do dejeto, bem na parte de baixo da estipe, e arrancando o cogumelo da pilha de esterco. Eles sairão inteiros e você pode aproveitar e fazer uma observação do micélio da base (ora, Biologia é muito bacana!). Retire e procure não deixar pedaços dos cogumelos no estrume. Se contaminar, você pode perder um “dejeto ativo”.

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Figura 4.2 - Uma feliz colheita: novos (direita) e mais maduros (esquerda).

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Figura 4.3 - Cogumelos colhidos por um usuário do fórum. Repare nas raízes e nos tamanhos. Os dois pequenos ao fundo são bem novos. O do meio é bem maduro e os outros estão no período ideal para colheita.

Procure agora lavar os cogumelos, logo depois da colheita, antes de colocar no saco de papel. Só jogue uma água e retire todo o resto de esterco que possa estar no cogumelo. Não que fará mal, mas é uma questão de higiene mesmo. Todo o cogumelo é limpo, só não é nos locais que ele entra em contato com o esterco. O resto, ele nem fica sujo como as fezes dos animais, portanto, é só lavá-los bem por fora depois de colher e antes de comer que já está de bom tamanho.
Algumas pessoas não gostam de lavar na ora da colheita, mas certifique-se de lavar BEM os cogumelos antes da ingestão.

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Figura 4.4 - A borda do chapéu está translúcida, ou seja, o chapéu está molhado ou úmido.

(y) c) Dicas de colheita

:arrow: Evite colher cogumelos durante a chuva. Prefira ir depois que ela for embora e o Sol já tenha esquentado um pouco. Assim você colherá cogumelos novos e que não estejam tão machucados pela chuva.

:arrow: Durante a manhã é o melhor horário para se caçar, tomando o verão como base. Geralmente nessa estação chove a noite e faz bastante calor de dia. Isso é mais do que perfeito para o cogumelo frutificar. Espera até as 10 da manhã e vá colher os mágicos.

:arrow: Procure tanto nos dejetos quanto no chão. Se existirem fezes com micélio por baixo da terra, os cogumelos irão brotar. O chão faz o papel da camada de cima do casing. Para mais, procure sobre cultivo indoor.

:arrow: Locais mais úmidos, como perto de riachos, lagos e poças e perto de arbustos e plantas, são os locais que os cogumelos mais gostam de ficar. Procure ficar atento e veja se o cogumelo gosta mais de um lugar do que outro. Veja o tipo de local que apresenta mais exemplares e procure por esse padrão.

:arrow: Lembre de ir com roupas confortáveis e que lhe protejam de espinhos, capim alto e insetos. Moletom e jeans são boas escolhas.

d) Responsabilidade na colheita

Esse tópico é mais um toque: lembre-se de que você depende da natureza para ter cogumelos no pasto. E para a natureza gerar cogumelos, ela precisa de esporos, que estão nos chapéus dos cogumelos. Se pessoas então começam a caçar cogumelos e retiram todos os exemplares (ou a grande parte deles) do pasto, este logo ficará inativo e não produzirá mais cogumelos. Ou seja, sua irresponsabilidade de colher muitos cogumelos acabará com eles em um futuro bem próximo (bem mesmo, sem esporos não brotam cogumelos de maneira alguma).

Algumas pessoas colhem muitos cogumelos para secá-los e ingeri-los fora da estação de caça. Mas se você foi fazer isso, não colha todos os cogumelos para secar de uma vez. Colha de pouco em pouco e coloque-os para secar, já que geralmente as câmaras dissecantes não tem grande capacidade.

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Figura 4.5 - Evite colher tantos cogumelos, para que eles não faltem no futuro, para todos e para você.

Lembre-se também de não deixar lixo ou qualquer outra coisa no pasto (a não ser marcas, pegadas e boas energias) e tome cuidado para não estragar nenhuma cerca (custa caro consertá-las e o dono pode ficar bravo com os catadores de cogumelos).

Enfim, seja responsável e correto, principalmente com a natureza: ela não pede mais nada e é ela quem lhe dá os cogumelos. Ou você maltrata quem lhe dá presentes? ;) :)

Agora, o que você tem a fazer é decidir o que fazer com os cogumelos: secá-los para guardar ou ingeri-los (em alguns casos, também retirar esporos). O que quer que você faça com sua colheita, não deixe de ler os fóruns sobre os respectivos assuntos.

Em cogumelosmagicos.org, temos um fórum sobre Secagem e outro sobre Dicas para experiência e Ingestão. Pesquise e faça bons usos desses belos presentes que a natureza nos deu e seja responsável.

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